terça-feira, 20 de novembro de 2007

pequena autobiografia.

Alteridade.Uma palavra nova que aprendi essa semana.O que só reforça minha crnça(que para alguns é uma tese.Como não possuo nem os argumentos nem a autoridade destes, resumo-me a classificar esse pensamento como crença...).Alteridade é o oposto de identidade.Não é ser o Eu. É ser o Outro... Ah, a minha crença, esqueci-me dela.Creio que Jesus morreu na cruz por meus... ahn... pera, não é essa... ah, lembrei.É a crença de que a palavra em si vem depois do que ela representa.Alteridade, no meu caso, é um exemplo.Antes de eu aprender a palavra, senti o que ela significava.
O que me interessa porém não é a discussão lingüística sobre a idéia de significante e significado. O cerne deste texo é a exposição do seguinte pensamento: durante toda a minha vida(ou pelo menos a parte consciente dela) eu me senti sempre como o Outro. Eu nunca fui o Eu(calma, eu ainda não fiquei louco, acho...) A questão principal é que eu sempre me senti como um estranho à mim mesmo.Sinto-me como o Outro, aquele terrível ser( sendo designado, por exemplo, na língua nipônica pela palavra "Oni" que também significa "demônio").
Freqüentemente comparo-me. Porque essa é a função do Outro. Ser parâmetro de comparação para o Eu, para que este possa se equiparar( pois não há o Eu sem o Outro(crença novamente, desta vez parafraseando Martin Bueber).
Então, se eu(minúsculo proposital) sou o Outro(maiúsculo idem), quem é o Eu? Resposta estranha: o outro. Aqueles externos à mim... pausa para reflexão...
Pronto, estou pronto para continuar. Os fatos acima vieram me gerando problemas por muito tempo.Mas não agora. Agora eu resolvi mudar minhas atitudes.Cansei de viver como o Outro.Chegou a hora de viver o Eu.Chegou a hora de querer o que o Eu quer, e não o que o Outro quer.De comparar o mundo, para me encontrar.Pois antes eu estava perdido numa imensidão de vozes roucas. E todas elas tentavam me dizer o que Eu sou. É bem verdade que o Outro é condição para a análise do Eu.Porém, não deve ser o Outro a coisa em si, aquele que é dotado de existência, e sim o Eu.E então, lanço-me a terrível jornada que é existir.Mas dessa vez, volto minhas velas para novos ventos.Os ventos do meu verdadeiro Eu. Ventos estes desconhecidos.Porém, muito mais providenciais do que os ventos infernais do Outro.

Fellipe Lima

(escrito numa noite de euforia, num pequeno caderno por um ser altamente disfórico).

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