(incia-se um épico)
E então o príncipe-poeta
Com sua funda
Foi meter-se a besta
Com o dragão de seu reino
Porque todo reino que se preze
possui um bardo
e um dragão
Cada um tão mítico quanto o outro.
(cessa a execução)
Pois, tendo um dragão
Cessa a fome e a miséria do povo...
(retorna)
Logo depois veio o sábio mago
Com sua barba longa e grisalha
E seu cajado de carvalho
Conjurando pragas em latim clássico.
(para a execução)
Nesse conto de fadas pós-moderno
Não existe a lembrança de um tempo imemoriável
Pois não existe memória
Existe apenas a solidão, e...
Existem os poemas
Escritos no vazio sufocante do real.
Voltemos então para o reino do faz-de-conta.
(tenta recomeçar)
(som de teclas de piano sendo executadas de maneira violenta e caótica)
Não, não consigo.
Depois que você foi embora
Cessaram os castelos, deles só resta a ruína.
Cresceu neles a erva daninha.
Das maçãs douradas restou apenas a lembrança
Das lutas gloriosas, apenas a grama pisada.
Das justas, apenas lanças de madeira quebradas
Da felicidade eterna
apenas o gosto
De fim de festa...
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